Anunciada na semana passada pelo vice-prefeito de São Paulo, Coronel Mello Araújo (PL), a proposta de implantar bolsões de estacionamento embaixo do Elevado João Goulart (Minhocão) já começou a ser colocada em prática na segunda-feira, 28 de abril. Pessoas que passavam a pé ou de bicicleta pela área da rua Amaral Gurgel fotografaram equipamentos da Prefeitura posicionados sobre a ciclovia demolindo trechos da calçada.
Mello Araújo citou dois motivos para justificar a intervenção: afirma que o principal problema na região, atualmente, é de zeladoria. “Em conversas com o prefeito Ricardo Nunes (MDB), consideramos a necessidade de oferecer moradia para as pessoas que vivem ali em barracas. Também enfrentamos o desafio de zeladoria, de forma a evitar a disposição irregular de lixo e entulho”, explicou Araújo.
Mello Araújo citou ainda que caso o projeto dê certo em um dos trechos, a prefeitura pretende expandir os locais de estacionamento. “Vamos fazer um bolsão sem mexer na ciclovia. Ali vão poder parar viaturas de forças de segurança, veículos comuns, moradores, mas também podemos fazer pontos para taxistas, carros de aplicativos, motoboys, em todo o trajeto sob o elevado”, completou o vice-prefeito.
Obra semelhante foi realizada pela Prefeitura na avenida Cruzeiro do Sul, em Santana, sob as estruturas da Linha Azul do metrô, nas proximidades da estação Santana.
Consultada sobre o assunto, a Secretaria de Comunicação da Prefeitura divulgou uma nota com explicações sobre a obra: “A Prefeitura de São Paulo informa que o projeto de um bolsão de estacionamento será implantado inicialmente de forma experimental em somente um trecho sob o viaduto (Minhocão) para avaliação de viabilidade. Importante ressaltar que a ciclovia que já existe no local será mantida, sendo que alguns ajustes serão feitos para adequação à nova geometria. O projeto experimental conta com desenvolvimento da CET e implantação da Secretaria Municipal das Subprefeituras.”
Repercussão: a ação da Prefeitura foi duramente criticada pelos vereadores Nabil Bonduki (PT) e Renata Falzoni (PSB), que afirmaram que iriam protocolar uma ação na Justiça já nesta terça-feira (29) para tentar barrar o projeto.
Segundo Bonduki, a transformação da área em estacionamento vai contra os princípios de mobilidade urbana previstos na legislação federal e no Plano Diretor de São Paulo. Não só isso, disse o parlamentar, mas é uma medida que incentiva o uso de carros e poderá agravar o trânsito na região.
Falzoni foi enfática ao questionar a obra: “Quando é para construir uma ciclovia, há uma infinidade de burocracias e processos a seguir e mesmo assim, depois de tudo aprovado, as estruturas não saem do papel. Mas para retirar o espaço de pedestres e ciclistas, basta uma canetada do vice-prefeito”, desabafou.
Fonte: mobilize.org.br